Este espaço é destinado ao pilotos participantes, e demais interessados em aprenderem algumas técnicas relacionadas ao kart. Aqui você irá encontrar vídeo-aulas com dicas de pilotagem e textos que podem ajudá-lo no aprimoramento da sua técnica de pilotagem.
MINI-CURSO DE PILOTAGEM DA FKP
AULA 01
AULA 02
AULA 03
AULA 04
AULA 05
DICAS SOBRE PILOTAGEM
Por André Morandi
O EQUIPAMENTO E A
PISTA
1. O grau de
complexidade da preparação de motores e chassis de karts indoor é significativamente
mais simples do que os dos karts de 125cc. Mas é uma boa escola para se iniciar
nas artes de pilotagem e preparação.
2. Sobre os pneus e
óleo, complemento o que já havia antecipado com uma informação preciosa que colhi
junto ao colega Beto, de Niterói, este sim, um tremendo conhecedor dos segredos
mecânicos de um carro de corrida (e de aviões também). Segundo ele, a ação do óleo
agride o composto de borracha, funcionando como uma espécie de solvente, amolecendo
as camadas mais externas do pneu. O emborrachamento é resultado direto desta, digamos,
decomposição, com o material sendo acumulado na pista lisa e, durante um período que pode
variar de uma a mais baterias, implicando maior grip e, logo, maior tração e velocidade
nas saídas de curva. O efeito é diferente em curvas de alta e de baixa, de acordo ao que
aprendi empiricamente, disputando corridas em que, por algum motivo, houve um antes e um
depois do óleo.
3. Nas curvas de
alta, o óleo reduz principalmente aquele comportamento super desagradável (pra
mim, pelo menos) de um kart indoor (que tem tração traseira) de subesterçar na entrada
da curva (sair de frente).
4. Nas de baixa,
corrige o sobresterço (saída de traseira) e permite maior tração na saída da curva.
Claro que é preferível corrigir estes problemas no braço, sem óleo: fica muito
mais difícil e, principalmente, pelo maior grau de erro envolvido, per mite
mais ultrapassagens e as corridas são tremendamente mais disputadas (um kart
com motor melhor que o outro, para dois pilotos de habilidade equivalente,
tende a fugir com muito grip na pista. Com pista lisa, isto pode ser compensado
no braço e/ou com u m melhor chassis).
5. Os karts
normalmente têm uma relação (coroa/pinhão) muito longa, significando que
privilegiam mais
velocidade final do que aceleração.
A CORRIDA.
"Você já
conquistou a pole position? Já estudou seus tempos e os dos adversários e como
baixar seu próprio
tempo? Lembre-se que a concorrência não dorme e você deve estar sempre "pushing
your limits to the edge", como o Villeneuve gosta de dizer.
Você achou esquisito
o artigo anterior? Metafísico? Pode até ser, mas tenha em mente uma coisa. Até
para andar rápido em algo tão lento em velocidade e reações como o kart Indoor,
você deve estar sempre no limite. Descubra o do carro, depois o seu e
supere-os. E suba uma categoria quando achar que está andando mais que o carro.
Até para correr competitivamente de patinete vale o "no limits".
Vamos, agora, à corrida:
Largando na Pole
1. Atenção na
largada: não perca a vantagem tão dificilmente conquistada por falta de
concentração. Eleve o
giro quando for se aproximando o sinal para largar e saia pulando no kart (não
"do" kart, pelo amor de Deus): os pulinhos ajudam o bicho a embalar
mais rápido, já que têm torque muito reduzido. Quanto mais pesado você for,
mais importante é largar bem.
2. Use o método do
Senna e tente abrir o máximo que puder dos outros nas duas primeiras voltas. A
vantagem conquistada vai ser fundamental quando começar a negociar com retardatários
(abordaremos este tópico adiante) e, por largar na frente, você vai ficar livre
das confusões que estarão atrasando seus adversários (estas voltas iniciais,
com os
cuidados naturais com
pneus mais frios, devem ser o mais próximas possíveis de um ritmo
de qualifying)
3. Encontre um ritmo
confortável e rápido de corrida: trata-se de administrar a liderança. Este ritmo
tem como limite superior o ritmo de qualifying e como limite inferior aquele
que impede a chegada
progressiva dos adversários em sua traseira (se você perder o ritmo e o adversário perceber,
está em apuros, pois ele ficará estimulado a atacar). Mantenha a autoridade e aperte o
acelerador, para mostrar a ele que não adianta vir pra cima por que você pode andar mais
rápido se quiser. A alternativa é andar o tempo todo em ritmo de qualifying, mas isto,
embora as corridas sejam curtas, pode levá -lo a um cansaço prematuro ou ao erro.
Se seu adversário não esmorecer, trate de alternar o ritmo de corrida para
níveis próximos ao de qualifying e concentre-se 150% (100% não é suficiente) na
pilotagem e na administração dos adversários. Se eles chegarem de qualquer
forma, defenda lealmente sua
posição (sobre o que falaremos num próximo artigo).
4. É importante,
repito, achar o ritmo. O importante é ser rápido com consistência ao longo de toda
a corrida, acumulando décimos de segundo sobre os adversários volta a volta. De nada adianta fazer
uma volta voadora e depois perder tudo numa volta bisonha. A menos que você não esteja
interessado na corrida, mas em fazer volta rápida, bater o recorde da pista, estas coisas,
o que pode ser válido também, mas sob outro ponto de vista.
Não largando na Pole
(até quarta posição, mais ou menos).
1. Faça melhor o
dever de casa e tente largar na pole da próxima vez.
2. Se for o segundo,
cuidado para não perder a posição na largada (geralmente, no Indoor, na maioria
das pistas, a posição de largada do segundo é bastante vulnerável em relação à tomada
da primeira curva).
3. Daí pra frente, só
ataque o primeiro (se estiver em condições de ameaçá -lo) depois que ambos livrarem algum
terreno sobre o terceiro colocado. Se o fizer antes disso, o mais provável é que perca
a segunda posição ao tentar traçados diferentes para ultrapassar o líder. Aliás, no
Indoor, isto vale, em geral, na disputa de quaisquer posições quando se é também atacado.
4. Quando as coisas
estiverem mais tranquilas (tipo uns 3s de vantagem), pode começar a pressionar o líder. O
melhor jeito é tentar induzi-lo ao erro, mas a ocasião ideal é quando começa-se a negociar
com retardatários
5. A negociação de
ultrapassagem com retardatários é o melhor momento para ganhar (ou perder) posições.
Deve-se triplicar a atenção, procurar ficar bem visível e ser decidido (mas sem
correr riscos excessivos). Tente antecipar o movimento do retardatário e, principalmente,
cuidado com algum erro que ele possa cometer e que venha a atingir você. Deixe sempre uma
margem de segurança que livre você de ir parar nos pneus ou no muro ou, ainda, em cima do
retardatário (ou embaixo dele).
6. Se estiver
atacando alguém que negocia com retardatários, tente ficar o mais próximo possível, para se
aproveitar de alguma possível confusão entre os dois. Tenha cuidado para não sobrar pra
você também. Como os karts de Indoor têm reações lentas é difícil se beneficiar das
lambanças dos outros, mas é muito fácil se envolver nas confusões deles.
7. Numa situação
normal de disputa de posição em que você não tenha que se preocupar também em defender a
sua, ultrapassar alguém de habilidade e kart equivalentes é tarefa muitíssimo difícil no
Indoor. Estou falando, é claro, de disputas estritamente leais. Não trataremos aqui de
expedientes deselegantes. Faça uma perseguição implacável e, principalmente,
estude os pontos em que você é superior ao adversário.
8. Sabendo de suas
vantagens relativas, avalie primeiro se em algum dos pontos identificados é
possível a ultrapassagem. Se for, planeje a manobra (se possível, induza-o a
achar que sua tentativa vai ser em um local distinto daquele que você
escolheu). Ensaie mentalmente a manobra. Em geral, a preparação da
ultrapassagem começa algumas curvas antes do local onde o movimento vai ser
executado.
9. A ultrapassagem
tem que ser implacável. Não hesite. Trate de não dar margem a qualquer reação.
Lembre-se que, provavelmente, se não for um adversário ingênuo à sua frente, esta
será sua primeira e última chance no lugar escolhido. Se não passar, trate de
arrumar outro golpe. De qualquer forma, no Indoor, a situação mais provável de
ultrapassagem está associada ao erro do adversário. Mantenha a pressão e fique
por perto.
10. Se você está
andando de quinto pra cima, procure analisar o que houve no qualifying (você e
o carro). Valem todas as observações acima quanto ao ataque, mas esteja certo
de que quando os líderes começarem a aparecer sua corrida vai se tornar ainda
mais difícil. Para lhes dar passagem você terá que sair do traçado ideal, vai
perder o ritmo de corrida e poderá até perder posições. Para quem larga atrás,
a melhor postura é tentar ganhar posições logo no início, aproveitando-se das
confusões que sempre acontecem nas primeiras voltas, quando o grupo está mais
compacto. Depois, fica realmente muito difícil.
11. Terminou a
corrida. Venceu saindo da pole? Analise e procure identificar pontos a serem aperfeiçoados.
Venceu saindo de trás? Parabéns por sua, como dizem os ingleses, "racecraft".
Mas tente largar na pole da próxima vez. Não ganhou? Tente primeiro fazer a pole na próxima e
manter a posição na corrida. Na verdade, obviamente é mais fácil vencer largando
na pole do que atrás: e no kart indoor isto é crítico, pelas dificuldades de ultrapassagem.
12. Concluindo, para
vencer corridas, tente largar na pole. Para andar rápido em corridas, encontre um ritmo
confortável (alguma coisa entre ritmo de qualifying e o que é necessário para não ser incomodado pelos outros). Para fazer a pole, junte tudo de melhor que você tem (tecnicamente,
psicologicamente e fisicamente) para fazer a volta perfeita. Para ganhar posições,
pressionar, planejar, beneficiar-se do erro alheio. Para defender posições, aguarde
o próximo artigo.
Técnica de pilotagem
de karts Indoor com frenagem do tipo ABS (suave/progressiva).
1. Dadas as
características normais de uma pista de Indoor (lisa/escorregadia) a boa
técnica de pilotagem requer, primeiramente, frear o menos e o mais suavemente
possível (para não sacrificar a velocidade nas saídas de curva, principalmente
as de baixa): frear tipo ABS, como se diz, sem "martelar"
abruptamente o freio. Até por que, em segundo lugar, frenagens abruptas quase
sempre levam a derrapagens e nova perda de tração (pneus traseiros patinam).
2. É melhor
sacrificar a entrada da curva (chegar menos rápido, usando ABS) e sair mais forte, com o kart
equilibrado e tracionando sem dissipação de energia cinética (manter o momentum ou
"carregar" velocidade nas curvas, como alguns pilotos de F-1 às vezes
se referem quando perdem
posição ou se atrasam por não terem mantido sua quantidade de movimento.
3. Neste tipo de
técnica deve-se evitar manter o kart freado (pedal esquerdo) com o acionamento
simultâneo do acelerador (pedal direito), pela forma com que nos karts indoor é montado o sistema
de freio/embreagem (que permite que os karts possam ficar parados com o motor girando,
diferentemente dos karts de competição, que não têm embreagem e só pegam no
tranco - daí só podendo largar lançados).
4. Isto por que o uso
inadequado do que chamamos ABS leva a um superaquecimento da embreagem, fazendo
com que ela perca eficiência, principalmente em provas de longa duração (os chamados
Endurances, de 200, 300, 500 e até 1000 voltas, com equipes de até 10 pilotos). O
efeito é menos notado em baterias normais de 20 minutos.
5. A perda de
eficiência resulta do disp ositivo não "armar"/"desarmar"
(acelerar/frear) adequadamente, de
forma sincronizada com o jogo dos pedais, principalmente nas retomadas de
velocidade após frenagens mais longas, implicando perda de tração por perda de eficiência
mecânica (diferente da perda de tração por falta de grip dos pneus que abordamos
anteriormente).
6. Salvo melhor
juízo, que uma pilotagem ABS em pista lisa afeta menos o desempenho da embreagem
do que numa pista muito aderente, pela maior dissipação de energia associada ao
fato dos pneus patinarem mais na retomada: não adianta acelerar demais, logo
não é necessário frear demais e, consequentemente, menor o sacrifício para a
embreagem..
7. Com grip, os pneus
não patinam e o tranco é muito forte na embreagem, que deve começar a patinar,
depois de literalmente fritada, não transmitindo adequadamente às rodas os
giros gerados pelo motor à medida em que vá esquentando). Quem dirige automóvel
pode fazer uma analogia disso com um recurso - mecanicamente perverso, é claro
- que se usa em engafarramentos, de
"frear" com a embreagem.
8. Senti isso numa
prova do Campeonato Carioca de Kartsport deste ano (karts indoor especiais de elevada
potência - 15/17Hp): pista de asfalto, grip grande, minha embreagem foi
acabando/patinando principalmente na saída das curvas de baixa, provavelmente
por que eu estava
abusando da técnica ABS. Observei o mesmo em Endurances, quando eu mesmo e outros
colegas de equipe, na ânsia de virarmos rápido, acabamos comprometendo o
desempenho do kart na parte final das provas.
9. É por isso que, em
algumas pistas, de forma a atenuar este tipo de problema (é caro o dispositivo de
embreagem), testa-se alternativas de pastilha de freio e outras opções que resultem em menor
capacidade de frenagem dos carros e, logo, menor desgaste da embreagem: fica mais
difícil pilotar por que se o kart não pára no ABS, muito menos no tranco/martelada no
freio. Mas, de novo, requer-se maior índice técnico/destreza, tornando as corridas mais
competitivas.
10. Deve-se, claro,
frear, mas tendo um compromisso entre eficiência da pilotagem (frenagem progressiva
e suave) e eficiência mecânica (não abusar do recurso, que acaba acarretando perda
de rendimento).
OUTRAS DICAS
1. Levando-se em
conta que o comportamento de um kart não é o mesmo que o de um carro, é
recomendável que o piloto rode em velocidade reduzida para se acostumar com o
suas reações, a sua aceleração e o seu tamanho físico, antes de mais nada.
2. Durante uma
corrida, o kart apesar de não ter arrancada em saídas de curvas, deve ser conduzido sem dimi
nuir demais a velocidade, ou seja, as curvas deverão ser largas e suaves tendo-se em
conta que a aceleração pode ajudar a contornar curvas fechadas.
3. A entrada na curva
deve ser em marcha normal desde que o motor ainda tenha a possibilidade de acelerar
um pouco mais, o que resulta em uma pequena derrapagem que acaba por ajudar a
tomada da curva; ou seja, um toque rápido e leve no freio antes da curva com um pequeno
golpe de direção pode fazer com que o kart faça a curva com facilidade, desde que
ajudado pela aceleração do motor.
4. O calçado do
piloto deve ser leve (apesar de resistente) de modo a possibilitar
sensibilidade ao pé pois o kart é dirigido pelo pé direito (acelerador), pelo
pé esquerdo (freio) e pelo volante (direção) que se completam em uma corrida e
especialmente no contorno das curvas.
5. Nunca se deve
entrar em uma curva com o motor totalmente a pleno e muito menos aplicar o
pedal de freio (pé esquerdo) violentamente.
6. No caso de uma
batida que envolva mais de dois karts, nunca sair dele para tira-lo da posição: existem
pessoas treinadas para esta manobra. Ficar de pé na pista pode acarretar um
atropelamento e lembrando que o kart tem pouca altura e que os seus parachoques
são rentes ao chão é normal que aconteça um tornozelo machucado.
7. Também no mesmo
caso, o piloto não deve tentar empurrar o kart de outro piloto no intuito de
separar o seu do dele ou usar o pé e a perna para o mesmo fim: muitos braços e
pernas já foram "danificados" seriamente.
8. Durante uma
corrida, mantenha o pé esquerdo (freio) levantado para que o freio não seja acionado
involuntariamente. Verifique a aceleração do motor e procure "sentir"
o comportamento do
conjunto. As voltas usadas para a tomada de tempo devem ser precedidas por pelo
menos uma volta em marcha normal de modo que o piloto possa se acostumar com o
comportamento do kart .
9. As corridas deverão ser realizadas com espirito esportivo e serenidade, lembrando-se que é um disputa amistosa entre pessoas civilizadas que estão se divertindo com amigos.
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