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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

ÁREA DO KARTÓDROMO COMEÇA A SER DESOCUPADA



Em meio à falta de informação do Governo do Estado, funcionários do kartódromo Geraldo Melo veem parte da história do automobilismo potiguar ser derrubada sem perspectivas quanto a um local para sediar a nova pista. Com o fim do prazo de devolução da área (sábado passado), participantes de uma cena que consagrou o Rio Grande do Norte com campeões nacionais procuram respostas para o retrocesso de 23 anos – entregue à população em 1990, o local será transformado em estacionamento da Arena das Dunas.

São 36 pilotos federados e mais de 150 pessoas que vivem diretamente do Kartódromo, entre mecânicos, comissários de prova, bandeirinhas, funcionários da lanchonete e da manutenção, vendedores ambulantes, que trabalham nos dia de corrida – desempregados de imediato. “Não tem o fazer. Eles estão sem emprego”, lamenta Sesimar Correia, presidente da Federação Potiguar de Automobilismo. No cargo há dois anos, ele estava na pista de Lagoa Nova, na manhã desta segunda-feira, de olho na retirada dos últimos pertences da instituição que coordena.

Segundo Sesimar, quem recebeu a notificação para sair foi o Kurt-Kart (bar temático lotado no Kartódromo), que é uma empresa privada. Não a Federação. “Isso aqui é um bem público que serve a muita gente. Íamos sair em junho do ano passado, mas a Governadora atendeu nosso pedido para permanecermos até dezembro, sob condição de termos outro destino. Nesse tempo, a pista seria recapeada, para receber uma prova do Norte-Nordeste, mas isso não foi feito. Agora estamos sem ter uma praça para competir. No meu entendimento, isso é um absurdo”.

Ao falar sobre a relação com funcionários públicos que respondem por pastas do governo estadual, Sesimar demonstra resignação. “Sinto boa vontade da Governadora. Em março do ano passado, ela disse que construiria um novo kartódromo em um terreno que já estava sendo visto, e que conseguiria o dinheiro para a obra. O que eu lamento é a falta de contato que temos com o secretário Demétrio Torres. Ele não atende a Federação por retaliação aos pilotos, que não aceitaram sair daqui, em junho, quando chegou a notificação judicial”.

A referência é feita ao titular da Secretaria Extraordinária para Assuntos Relativos à Copa do Mundo 2014 (Secopa), que teria ignorado telefonemas e tentativas de reuniões após a recusa dos pilotos em aceitar a derrubada de um bar. Sem opções, resta torcer para que a conversa marcada para esta semana seja cumprida. Para ele, outras soluções poderiam ser encontradas para atender a necessidade de vagas para automóveis dos torcedores que acompanharão os quatro jogos da primeira fase da Copa do Mundo de 2014 – a fase de grupos dura 15 dias. “Enquanto aqui se trabalha todo dia, durante todo o ano”.

Uma pista multiuso, como já existe várias no Sudeste, seria viável. “Com tanto estádio de futebol sendo construído no Estado, quem vai usar esse estacionamento aqui? E se virar um novo Papódromo? Poderia ter sido projeto de forma que fosse adaptado de acordo com o evento. Espaço aqui tem de sobra”. Sesimar informa sobre a ideia do empresário Marconi Barreto, em processo de construção de um complexo esportivo-residencial em Ceará-Mirim, 28 km de Natal, de expandir o empreendimento com uma pista de kart e arrancada. “Mas lá é da iniciativa privada”.
Já Gláucio Uchôa, pai do campeão brasileiro de 2010 e vice, em 2012, Victor Uchôa, aguarda por um chamado para se reunir com os representantes públicos. O contato foi feito, assim como a promessa de retorno. “A qualquer momento terei essa audiência com Demétrio ou com a própria Governadora. Espero que ela nos atenda”. Com o filho campeão sem treinar na pista do Kartódromo Geraldo Melo há mais de um ano, ele investiu em um simulador espanhol. “Victor treina no quarto dele. O Governo quebrou dois pontos da pista, que reduziu o percurso em menos da metade”. A distância de 1.200 metros encurtou para 500.

“Em 2012, teve estadual porque alguns pilotos toparam correr mesmo com a pista reduzida. Ficaram de consertar os buracos, para concluirmos o campeonato, mas isso não foi feito”, diz Gláucio. A sinalização do prefeito Carlos Eduardo Alves em ceder um terreno no Planalto é animadora, mas explicações e um direcionamento sobre a utilização de um espaço nobre da cidade, já ocupada por um aparelho público, para satisfazer necessidades de acomodação em um estádio de futebol que será usado poucas vezes durante o ano, são requisitadas.

A reportagem tentou entrar em contato com o secretário Demétrio Torres para prestar esclarecimentos sobre a transformação do kartódromo em estacionamento da Arena das Dunas, mas foi informada por meio da assessoria de imprensa que o titular da Secopa estava em viagem com a governadora. Até o fechamento desta edição, nenhum contato foi estabelecido.


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